domingo, 7 de junho de 2009

RECONHECENDO E SEM SABER, CRIANDO VALORES


Estou no ramo de endomarketing há quase 10 anos. Conheço muitas agências de publicidade e propaganda, além de várias e várias formas e metodologias de reconhecimento e campanhas de incentivo. Já ví e vivenciei inúmeras discussões e ví orçamentos "gigantescos" sendo injetados em grandes campanhas. Posso enumerar algumas campanhas que tive o prazer de colaborar como o Jeito Extra de Ser; o Varejo na Alma; O que te faz Feliz?; além de metodologias simples, como o funcionário do mês, tempo de casa, destaques de ações e projetos; portas abertas; o lugar onde meus pais trabalham; fale com o presidente etc... são infinitas as ações e metodologias existentes para se gerar o reconhecimento dentro das empresas.

Durante muito tempo falou-se em reconhecer os profissionais com um bônus, uma grana a mais no fim do mês. Essa prática ainda existe, mas está mais sustentada em comissões, como metas muito bem estabelecidas. E não é para menos, os funcionários tendem a absorver o valor do bônus no salário e fica como direito adquirido, o que bagunça um pouco o verdadeiro valor do reconhecimento. Por esses fatores é que as empresas acabaram mudando o objeto do reconhecimento.

Depois de um certo tempo, o prêmio acabou se tornando um de jogo de azar... conquiste a simpatia ou a meta estabelecida e destaque-se numa viagem em lugares onde sua grana não daria; ou ganhe aquele televisor que seu salário não poderia comprar, ou aquele som etc.

Hoje em dia as empresas estão em busca de valor, mas não o valor concreto como um objeto de uso e que você possa exibir, mas sim o valor inestimável do afeto. Entramos aí no mundo do Branding. E quando se entra nesse mundo, é necessário que uma pergunta seja feita: o que me faria sentir orgulho de pertencer a uma empresa? Percebem a diferença????

E o que é que tem!?! Tem que é muito diferente gostar da recompensa que a empresa te dá, apesar de você não se sentir bem, do que, se sentir orgulhoso e feliz, mesmo sendo mal remunerado, por fazer parte de uma empresa! Forte, não?!? Mas é exatamente isso que o Branding faz. Quando se faz uma ação de branding o resultado esperado é esse! Espera-se que o funcionário mande às favas quem vier com um salário maior, pelo simples fato de ele ser torcedor daquela empresa; espera-se que ele brigue com quem falar mal da empresa onde trabalha. O reconhecimento organizacional de hoje, levado a sério, tem essa particularidade.

No último post escrevi sobre uma ação de reconhecimento que vi no hipermercado onde faço compras. Confesso a vocês que não entraram em contato comigo e, para minha surpresa, ao voltar às compras achei uma nova campanha de venda, só que dessa vez, com dois "funcionários-propagandas".

O que me chamou muito a atenção dessa ação, uma vez que vim da área de varejo, da área de endomarketing, e que sempre tentei implantar o reconhecimento público de colaboradores e sempre encontrei inúmeros "problemas" com relação a isso, foi que o Hipermercado Andorinha o faz sem grandes melindres. Em toda a loja você encontra o material de merchadising e PDV com aquelas duas "figurinhas", festidas de caipira, simpáticas, lançando a campanha sazonal de junho. Perguntei ao operador de caixa, que muito simpático, não soube ao certo como foi feita a seleção dos dois "garotos propagandas", como já havia acontecido na camapanha de dia das mães, mas se dispôs a trazer o fiscal de caixa para informar.

Wagner, Fiscal de Caixa, atendeu-me com muita simpatia e informou que não existe um critério de escolha, mas sim o "calor humano" e o "bom senso". Nesta campanha junina de vendas, temos dois funcionários do Andorinha Hipermercados, Mário, um rapaz bem simpático e especial (com síndrome de down), que provavelmente faz parte dos 5% de inclusão que o governo obriga, e sua parceira. Mário é um funcionário antigo, que ganhou reconhecimento interno pelos seus colegas e isso fez co que se destacasse perante aos demais na seleção.

E o que é que tem!?! Tem que o Hipermercado Andorinha pratica o reconhecimento puro e nato, sendo aplicado, sem grandes complicações, megas orçamentos, concursos etc.. Não há brigas, não há metodologias escritas, o que existe é puramente branding sendo aplicado na raça, e sem saber!
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