quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ÀS VEZES BASTA APENAS RESPEITO E NÃO COMUNICAÇÃO

Já disse aqui algumas vezes, e vou repetir: comunicação é relacionamento! Agora pergunto, é possível haver relacionamento sem RESPEITO?

Eu duvido. A menos que, uma das partes esteja anulando-se... bom, daí, não é comunicação... quiçá um monólogo!

Estive em contato com um programa muito bacana, durante alguns anos de trabalho no Grupo Pão de Açúcar. Era um programa, liderado pela Ana Maria Diniz, a quem tenho profunda admiração, que procurava reintegrar, resocializar menores infratores da Febem. E o que é que tem!?!

Tem que a base do programa no Grupo Pão de Açúcar era garantir a esses menores o direito à dignidade, direito esse, que qualquer cidadão tem. Depois, vinha a parte mais pesada, tentar fazer com estes menores pudessem resgatar sua vida na sociedade, de modo que suas imagens estivessem sempre preservadas, como prega a lei para menores.

Não sei quantos são hoje, mas quando saí eram mais 100 menores, que trabalhavam em lojas, centrais de distribuição, sede, sem nem ao menos nós percebermos que eles eram menores infratores. Acredite, estive lá, e o trabalho que a área de recursos humanos do Grupo desenvolveu era perfeito. É claro, que não se salvava 100% deles, mas 90% que concluía o programa, tinha garantido sua profissionalização e todo recurso psicológico preciso!

Tive a oportunidade de editar um vídeo motivacional deles para uma conclusão de turma do programa. Na edição, e na apresentação, chorei muito ao ver o esforço que é preciso para que eles possam viver em sociedade sem serem rotulados como "marginais". A glória de concluir mais uma etapa de vida, que para nós é simplesmente fácil e boçal, mas para eles com suas condições de vida e comunidade, é quase um mártir. Por isso, ao grupo dou os parabéns!!!!

Agora vem a parte ruim... tive a oportunidade de ver o mesmo programa em uma instituição pública. É imprescionante como, exatamente, aonde eles deveriam ter seus direitos preservados, são tão banalizados e rotulados. Na instituição que falo, os menores são rotulados, desde o princípio, como menores da Febem. Presenciei um fato, que deveria ser tratado como corriqueiro e profissional, como se fosse apenas atitudes de menores infratores da Febem.

Tive o desprazer de ouvir ainda, que todos eles tem o mesmo olhar, te olham de frente, enfrentando a gente como "marginais". Oras... cadê o governo com sua eqüidade?????

Se for para colocar um menor, que cometeu um erro, mas ainda tem chance de ser resgatado, num lugar, aonde todos sabem que ele é um infrator e vão rotulá-lo... é melhor deixá-lo aonde está, pois todos são seus iguais. Fica aqui um recado para o governo... de que adianta dar, se a gente explora e põe o outro na condição de coitado... e afasta-o dos outros...


Que respeito, que dignidade é essa????? Dignadade para que o governo sinta-se melhor, ache que está fazendo caridade, quando na verdade ele nega ao próximo, seu direito? E o que é que tem!?! Pare para pensar!
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